“As únicas palavras que podemos escrever como apresentação d´este modesto “Almanaque”, em que aliás se presta homenagem áqueles que n’este distrito alguma cousa fizeram pelo triunfo da República, são as seguintes: o produto líquido da sua venda será destinado a reunir fundos para o estabelecimento, em Coimbra, da Escola Officina “O Futuro”, obra em que andamos entusiasticamente empenhados. Que todos nos auxiliem n´esta crusada do Bem, acompanhando o seu auxílio da sua benevolência para a modéstia deste despretencioso livrinho”.
Sem acordo ortográfico atualizado, nos idos anos de 1913, e num quente período revolucionário em curso, era assim que se apresentava o “Almanaque da República”, dedicado ao distrito de Coimbra.
A publicação quase centenária destaca “O 28 de Janeiro”, remetendo para subtítulo o “Complot Militar de Coimbra”. A propósito, introduz, em meados de 1907, “quando a ditadura franquista velozmente caminhava para o zenith da oppressão, sentiu-se vibrar um protesto de indignação por toda a alma liberal da nação”. A “occultas”, os civis “iam transmitindo aos seus amigos militares, que sabiam tinham ideias republicanas”. Mas havia que saber se eram republicanos de confiança, “capazes de tomar parte numa ação revolucionária”. A história daquele fragmento histórico que dá continuidade à “lucta” republicana prolonga-se por várias páginas.
A páginas tantas, surgem os heróis republicanos figueirenses.
-Figueirenses republicanos-
E foram muitos os que se insurgiram contra o regime reinante em terras lusas. O almanaque destaca Fernando Augusto Soares, Luís Maria Lopes, José Ferreira Sôpas, José Gomes Cruz, os Gomes Tomé, José Joaquim Gomes de Almeida, Francisco Martins Cardoso, Valentim António Pinheiro, Manuel Gomes Cruz, Adelino Alves Pereira.
E ainda o antigo capitão da marinha mercante José Joaquim Fernandes Águas. “É talvez o mais antigo republicano do concelho da Figueira da Foz”, conjetura o almanaque, aludindo, depois, ao seu “caracter honestíssimo”. Uma vez proclamada a nova ordem política em Portugal, o republicano democrático figueirense foi eleito presidente da Junta de Paróquia de Tavarede.
Manuel Jorge Cruz, Joaquim da Silva e Sousa Junior também têm os seus nomes inscritos na história republicana portuguesa. Assim como Cerqueira da Rocha, que foi presidente da câmara e “republicano desde os bancos da universidade”. Foi ainda eleito deputado da nação pelo círculo eleitoral da Figueira da Foz.
Mas é o escultor Júlio Vaz Junior (1877-1963) quem tem honras de maior destaque. O discípulo de Teixeira Lopes, Álvaro de Brito e Marques Oliveira estudou na Academia Portuense de Belas Artes. No entanto, a sua formação de escultor passa por Paris. Em 1904 é admitido como professor da Escola Industrial Dr. Bernardino Machado, onde lecionou desenho ornamental e modelação. E em 1906 é-lhe atribuída uma menção honrosa em Escultura, na VI Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes. Uma entre muitas distinções que recebeu ao longo da sua carreira.
O “esculptor” entra nesta história, porém, pela sua alma republicana e pela sua escultura “Busto da República”, uma das suas obras mais “distinctas”, legenda o almanaque. No entanto, não venceu o concurso lançado pela Câmara de Lisboa, em 1910, para perpetuar a sua escultura como o “rosto” da República Portuguesa. Ficou classificado em terceiro lugar. Em segundo lugar ficou Simões de Almeida e o vencedor foi Francisco dos Santos, que teve Ilda Pulga como musa.
(Texto publicado no Jornal AS BEIRAS, cujos elementos foram retirados de um livro de António Flórido datado de 1913, o qual foi cedido à delegação da Figueira da Foz daquele diário possibilitando esta recolha
-Este livro foi oferecido ao autor, nos anos 80, por Manoel Lopes, ao tempo proprietário de um armazém de vinhos celebrizado pelo 'Sol Engarrafado' (ver na secção "Reportagens a Rever"). E tinha este livro como grande valor sentimental por lá constar o nome de seu pai Luiz Maria Lopes.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Sem acordo ortográfico atualizado, nos idos anos de 1913, e num quente período revolucionário em curso, era assim que se apresentava o “Almanaque da República”, dedicado ao distrito de Coimbra.
A publicação quase centenária destaca “O 28 de Janeiro”, remetendo para subtítulo o “Complot Militar de Coimbra”. A propósito, introduz, em meados de 1907, “quando a ditadura franquista velozmente caminhava para o zenith da oppressão, sentiu-se vibrar um protesto de indignação por toda a alma liberal da nação”. A “occultas”, os civis “iam transmitindo aos seus amigos militares, que sabiam tinham ideias republicanas”. Mas havia que saber se eram republicanos de confiança, “capazes de tomar parte numa ação revolucionária”. A história daquele fragmento histórico que dá continuidade à “lucta” republicana prolonga-se por várias páginas.
A páginas tantas, surgem os heróis republicanos figueirenses.
-Figueirenses republicanos-
E foram muitos os que se insurgiram contra o regime reinante em terras lusas. O almanaque destaca Fernando Augusto Soares, Luís Maria Lopes, José Ferreira Sôpas, José Gomes Cruz, os Gomes Tomé, José Joaquim Gomes de Almeida, Francisco Martins Cardoso, Valentim António Pinheiro, Manuel Gomes Cruz, Adelino Alves Pereira.
E ainda o antigo capitão da marinha mercante José Joaquim Fernandes Águas. “É talvez o mais antigo republicano do concelho da Figueira da Foz”, conjetura o almanaque, aludindo, depois, ao seu “caracter honestíssimo”. Uma vez proclamada a nova ordem política em Portugal, o republicano democrático figueirense foi eleito presidente da Junta de Paróquia de Tavarede.
Manuel Jorge Cruz, Joaquim da Silva e Sousa Junior também têm os seus nomes inscritos na história republicana portuguesa. Assim como Cerqueira da Rocha, que foi presidente da câmara e “republicano desde os bancos da universidade”. Foi ainda eleito deputado da nação pelo círculo eleitoral da Figueira da Foz.
Mas é o escultor Júlio Vaz Junior (1877-1963) quem tem honras de maior destaque. O discípulo de Teixeira Lopes, Álvaro de Brito e Marques Oliveira estudou na Academia Portuense de Belas Artes. No entanto, a sua formação de escultor passa por Paris. Em 1904 é admitido como professor da Escola Industrial Dr. Bernardino Machado, onde lecionou desenho ornamental e modelação. E em 1906 é-lhe atribuída uma menção honrosa em Escultura, na VI Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes. Uma entre muitas distinções que recebeu ao longo da sua carreira.
O “esculptor” entra nesta história, porém, pela sua alma republicana e pela sua escultura “Busto da República”, uma das suas obras mais “distinctas”, legenda o almanaque. No entanto, não venceu o concurso lançado pela Câmara de Lisboa, em 1910, para perpetuar a sua escultura como o “rosto” da República Portuguesa. Ficou classificado em terceiro lugar. Em segundo lugar ficou Simões de Almeida e o vencedor foi Francisco dos Santos, que teve Ilda Pulga como musa.
(Texto publicado no Jornal AS BEIRAS, cujos elementos foram retirados de um livro de António Flórido datado de 1913, o qual foi cedido à delegação da Figueira da Foz daquele diário possibilitando esta recolha
-Este livro foi oferecido ao autor, nos anos 80, por Manoel Lopes, ao tempo proprietário de um armazém de vinhos celebrizado pelo 'Sol Engarrafado' (ver na secção "Reportagens a Rever"). E tinha este livro como grande valor sentimental por lá constar o nome de seu pai Luiz Maria Lopes.
Fotografias dos Republicanos Figueirenses que se distinguiram em 1910:
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Fernando
Augusto
Soares
Luiz
Maria
Lopes
Maria
Lopes
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José
Ferreira
Sopas
Dr.
José
Gomes
Cruz
Ernesto
Ferreira
Gomes
Tomé
José
Joaquim
Gomes
d'Almeida
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Joaquim
Gomes
d'Almeida
José
Maria
Gomes
Tomé
Francisco
Martins
Cardoso
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Martins
Cardoso
Valentim
António
Pinheiro
Dr.
Manuel
Gomes
Cruz
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Manuel
Gomes
Cruz
Adelino
Alves
Pereira
José
Joaquim
Fernandes
Alves
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Joaquim
Fernandes
Alves
Joaquim
Silva de
Sousa
Júnior
Dr.
Cerqueira
da
Rocha
Júlio
Vaz
Júnior
António
Maria
Paschoal
Aníbal
Cruz
Manuel
Mendes
da Cruz
da Cruz
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O 'busto' de Júlio Vaz Júnior com o 'rosto' da República Portuguesa
e que ficou classificado em terceiro lugar.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------e que ficou classificado em terceiro lugar.
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Clique no 'link' seguinte para aceder a documentos originais referentes à primeira República:
(http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=dossier5Outubro)
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