10.11.11

Fotos do Mês = Arquivo Fotográfico Municipal

O Fundo Casa Havanesa deu entrada no Arquivo Fotográfico Municipal da Figueira da Foz (AFMFF) durante os anos de 2008/9, doado pela Sra. D. Maria Helena Alves, correspondendo à produção fotográfica da Casa Havanesa.
Esta Casa Comercial histórica iniciou a sua relação com a fotografia na década de 20 do século XX. Contudo, o então proprietário veio a adquirir o espólio da Casa Pereira Monteiro, anterior à Casa Havanesa, e que possuía no seu acervo uma grande quantidade de material do século XIX. Desta forma, o Fundo Casa Havanesa, para além da sua produção, tem uma forte criação de diferentes autores e diversas épocas cronológicas.
O Fundo é da maior importância em termos documentais, históricos e estéticos, tendo enriquecido de forma inequívoca a colecção do AFMFF.
A temática é variada, sendo essencialmente figueirense; uma fonte de conhecimento e um capítulo da História da Fotografia na Figueira da Foz.
Para iniciarmos esta mostra, seleccionámos uma imagem do edifício Casa Havanesa, em jeito de homenagem à Casa que graciosamente ofereceu a todos os figueirenses a possibilidade de olhar para o passado com o rigor documental que a fotografia permite.
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A partir de fevereiro de 2011 o AFMFF decidiu partilhar com a Comunicação Social algumas fotos deste valioso espólio fotográfico, à razão de 1 foto por mês, as quais pode aqui seguir.
As fotos são acompanhadas de um breve historial.
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-Foto de março-
Páteo das Galinhas (1914):
Estrategicamente situado na Rua Bernardo Lopes, o Casino Peninsular, à época da imagem, é ponto de encontro obrigatório. Com o seu átrio, o chamado Pátio das Galinhas, em destaque, o qual é guardado em toda a sua frente por um gradeamento. É para ali que se dirigem os mais elegantes casaias da sociedade para tomar um chá ou limonada.
Entre concertos e bailados, as famílias aristocratas portuguesas e espanholas deambulam por estes espaços usufruindo de uma imensa panóplia de espectáculos.
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-Foto de abril-

Jardim Municipal (1914):
Com a construção do Bairro Novo a partir de 1861, a antiga “Praia da Fonte” é transformada em Jardim Municipal em 1891. Conforme as épocas, o Jardim conhece remodelações e configurações diferentes que lhe imprimem dinâmicas diversas. Serve de passagem e de ligação entre os dois braços do Passeio Infante D. Henrique.
Nesta vista, do início do século XX, destaca-se a vegetação frondosa e a elegância requintada das senhoras de família que por ali deambulam. Em tudo contrastante com a actual realidade.
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-Foto de Maio-
José Bento Pessoa (1904 +-)
Com a passagem dos 114 anos sobre o primeiro recorde mundial português, a 27 de Maio de 1897, no velódromo de Chamartin em Madrid, pretende-se lembrar um nome maior da história do desporto nacional, em particular do Ginásio Clube Figueirense.
Em 1897, com apenas 23 anos, José Bento Pessoa participa e ganha o I Campeonato Nacional de Espanha, prova que fica conhecida como “Os 100 km de Ávila”.
De acordo com a imprensa espanhola é uma grande vitória do atleta português.
Nesse mesmo ano, bate o recorde mundial dos 500 metros, em Madrid, e meses depois bate o seu próprio recorde fixando-o em 33 segundos.
É contratado por uma firma francesa e parte do sucesso da sua carreira é feita em Espanha, França, Alemanha, Suíça e Bélgica. Torna-se quase imbatível.
Bento Pessoa é um ídolo do ciclismo da época e sempre que volta à sua terra natal é recebido com homenagens intensas e efusivas.
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-Foto de junho-

Teatro'Vidinhas' (1897):
Opereta em três actos, original do Ex.mº António Pereira Correia (1860-1929), chefe de repartição da Companhia de Caminhos de Ferro da Beira Alta. Para além de ensaiador e actor, são da sua lavra peças aclamadas como as operetas “Zás-Trás”, “O Barão de Antanholes” ou a farsa carnavalesca “O Casamento da Vasca”.
Em Os Vidinhas, a música é da responsabilidade do senhor Ribeiro Couto. A 22 de Abril de 1897 é a estreia exclusiva para sócios do Ginásio Clube Figueirense. Repete-se e 24, 25 e 29.
Em 1925 é levada à cena pela Secção de Teatro da Naval 1º de Maio.
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-Foto de julho-
A Praia da Claridade (13/set/931)
A Praia da Figueira da Foz, à época, é considerada a melhor da península. Segundo Ramalho Ortigão “a mais linda praia de banhos de Portugal”.
No vasto e luminoso areal armam-se os mastros com os sinais sobre o estado do mar e as barracas de lona, originalmente de forma piramidal.
Com o início da época balnear e até final de Agosto a língua que mais se ouve é o castelhano.
As famílias portuguesas ficam até ao final de Setembro, desde o político, o sportman, passando pelos abastados proprietários das Beiras e Alentejo, eclesiásticos, literatos, fidalgos, oficiais do exército, bem como as distintas famílias de Lisboa e Coimbra.
Com o fim das colheitas e vindimas, a primeira quinzena de Outubro é para os “banhistas de alforge”.
Há ainda o banhista ocasional que vem aquando das tradicionais festas de S. João, (com o seu tradicional “Banho Santo”), de Nossa Senhora da Encarnação e para assistir às touradas no Coliseu.
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-Foto de agosto-
Praça de touros (anos 30)

Vem de longe o gosto dos figueirenses pela festa brava.
As pequenas corridas de touros acontecem inicialmente na “Praça Velha” numa praça de touros em madeira construída em terrenos da Misericórdia.
O interesse pela arte de tourear leva a que mais tarde se erga no Alto do Viso, pela Companhia do Coliseu Figueirense, a actual construção, inaugurada a 25 de Agosto de 1895 e com capacidade para 7000 espectadores.
É neste espaço que a colónia espanhola, muito aficionada, dá cor às bancadas daquela praça, entre mantilhas e leques das belas espanholas em tempos idos.
Actualmente, portugueses e espanhóis continuam fiéis a estas exibições, recebendo a Figueira, por ocasião das corridas, uma verdadeira excursão de aficionados.
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~-Foto de setembro
Serra da Boa Viagem (16/jun/929)
A Figueira vive por esta altura uma época de sucesso pelos seus atractivos balneares.
Para além da praia e de toda a diversão urbana concentrada no Bairro Novo, os arredores, nomeadamente o Cabo Mondego e a Serra da Boa Viagem, disputam as preferências dos que a ela rumam.
Passeios pitorescos com o imprescindível farnel a marcar presença, fazem parte dos atractivos da Serra da Boa Viagem, de cujos altos se desfrutam as mais belas paisagens e pontos de vista sempre imprevistos.
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-Foto de outubro-

Doca e rio Mondego (anos 20)

A Doca e o Cais representam o núcleo da cidade antiga em torno do qual todo o desenvolvimento urbano se processa e se expande. Exprimem o ponto de partida para a proliferação dos serviços públicos, de comércio e lazer. Apoiada pelas suas praças e largos, ruas e avenidas, a cidade tem no rio o eixo centralizar e impulsionador de grande parte do seu ritmo quotidiano. É local de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias.
Zona de povoamento e movimento mais intenso, a zona ribeirinha só rivaliza com o Bairro Novo durante a época balnear.
Os seus largos e praças estão desenhados com zonas centrais ajardinadas embelezadas por estátuas e monumentos.
O rio Mondego é o protagonista desta zona da cidade.
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-Foto de novembro-
O Palácio Sotto Mayor em obras (1910 + -)
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O projecto inicial do Palácio Sotto Mayor do arquitecto gaulês Gaston Landeck começa a ver a luz do dia no final do século XIX, demorando cerca de 20 anos até à sua conclusão.
Mandado construir por Joaquim Sotto Mayor, abastado negociante nortenho, emigrado no Brasil. No regresso a Portugal visita a Figueira e aqui decide construir um palacete ao estilo francês, com motivos renascentistas, à época muito em voga.
O seu interior é muito sumptuoso, recheado de obras de arte e mobiliário com assinatura de grandes nomes do meio artístico.
Esta imagem mostra a fachada posterior, com a sua escadaria estilo Luís XVI que dá acesso ao que virá a ser um jardim romântico e uma torre mirante, com tipologia semelhante à Torre de Belém.
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-Foto de dezembro-
Reveillon no Grande Casino peninsular
O Theatro-Circo Saraiva de Carvalho ergue-se em 1884 dando lugar, no virar do século, ao Casino Peninsular, espaço por excelência de jogo e lazer.
Sendo um pólo de atração do Bairro Novo as suas actividades não deixam ninguém indiferente, com espectáculos de ópera, circo, cinema, teatro, garraiadas infantis e as festas temáticas.
A sociedade mais elegante frequenta as tardes do Pátio das Galinhas e naturalmente as festas nocturnas.
Com longa tradição nas festividades da passagem de ano, este é um desses momentos em que a imagem parece dançar ao som da orquestra e que marca o meio do século XX.